Um dia meu pai (ou minha mãe, não me lembro ao certo) disse: - aquela pessoa é tão supérflua que nem vale o tempo perdido.
Nossa, aquilo caiu como uma bomba em meu cérebro e também, como mais uma palavra que poderia ser utilizada no meu vocabulário.
E assim foi: busquei, entendi e passei a utilizar "supérfluo" para tudo e para todos. Para pessoas que não transmitiam confiança, para coisas que não tinham sentido, até mesmo para uma opinião que não tinha justificativa.
Coisas e pessoas supérfluas (na minha mente até alguns meses atrás) eram desnecessárias em minha vida, pois não possuíam nada (ou talvez quase nada) que pudessem ajudar em meu crescimento espiritual, financeiro e de amizade. Posso aqui citar uma centena de coisas e pessoas supérfluas, mas talvez hoje eu entenda o motivo de serem assim.
Então, o que estou tentando dizer com este texto? O que estou tentando na verdade, é mostrar que hoje, talvez a partir de agora, noto que a volatilidade é pior que a superfluidade.
Quando estudamos informática (lá no passado, vindo dos cursos de processamento de dados dos grandes colégios particulares, em meados de 1990), aprendemos que uma memória RAM de um computador ( talvez você só saiba que ela existe, mas não sabe para que) é volátil, ou seja: o que ela utiliza em memória para processamento rápido é totalmente perdido quando o computador é desligado. Não existe armazenamento permanente na memória volátil, logo, tudo de bom ou de ruim que ela ajudou a processar é descartado, jogado no lixo e no dia seguinte, ela pode voltar a ter as mesmas coisas ou não alocadas em seu espaço para uso.
E o ser humano, em um volume relativamente alto é igual: ele armazena tudo o que faz sentido em uma memória "não volátil", mas aquilo que deve ser temporário ele absorve, usa e depois despreza. Sim, isto é muito bom, pois a mente deve estar limpa para processamento de novidades.
O problema é quando as pessoas são voláteis no que tange ao seu comportamento diário e interpessoal, passando opiniões, entendimentos e sentimentos sobre as coisas em um dia e no dia seguinte, como se nada tivesse acontecido, as opiniões são totalmente opostas, diferentes e conflitantes com aquilo que havia sido exposto anteriormente.
Quando nós temos opiniões formadas sobre alguma coisa e de repente uma opinião externa ou alheia nos faz mudar, isto não nos torna nem voláteis e nem supérfluos, mas sim, nos torna inteligentes suficientemente para vermos nossos erros e mudarmos o nosso caminho em relação a algo, alguém ou alguma coisa.
Mas quando em um dia nós conseguimos ter uma opinião de pé batido em relação a uma coisa e no dia seguinte mudamos de opinião radicalmente, demonstrando isto em nossas atitudes ou até palavras, isto demonstra a nossa volatilidade.
Ser volátil é não ter opinião formada sobre nada. Ser volátil é ter uma opinião hoje e no dia seguinte ela estar totalmente modificada. Ser volátil é pedir e não conceder. Ser volátil é pregar algo e não fazer igual. Ser volátil é demonstrar aquilo que não é. Ser volátil é emprestar o conhecimento que não se tem e parecer ser o criador da explanação. Ser volátil é transparecer aquilo que não se pode ser ou ter. Ser volátil é abominante, horrendo e assustador.
Sim, eu tenho mais receio e medo das pessoas voláteis do que das supérfluas, pois as supérfluas não tem significado para você, porém, as voláteis podem mudar de opinião de uma hora para outra (quando digo hora para outra, é no sentido literal) e prejudicar a sua vida.
Lembrando que, ter uma mente que trata as coisas de forma volátil é diferente de ser uma pessoa volátil. A primeira é necessária para a evolução, já a segunda, não serve de nada.
Como combater isto e fazer da sua vida algo mais objetivo e concreto? Acredito que ainda não saiba como pois passei a ter em meu vocabulário o "volátil" recentemente, porém, uma coisa eu posso afirmar de mão cheia:
O que é volátil não faz bem.