Hoje, quando acordei, olhei para o céu e vi que o tempo estava muito fechado, com algumas nuvens e um frio leve, escondidinho. Tratava-se de um convite perfeito para o que eu mais gosto de fazer: andar de bicicleta.
Há alguns anos, antes de sofrer o acidente que praticamente me tirou das pistas e ruas de São Paulo, eu costumava andar de bike nos dias mais frios e úmidos, pois assim eu podia abusar mais do rendimento cardíaco e eliminar as gorduras muito mais rapidamente. Geralmente aos sábados e domingos, levantava por volta das 9:00 am, e seguia um ritual básico: luvas, joelheira, cotoveleira, bermuda, capacete e mochila com acessórios. Subia em cima da magrela e a primeira parada, acontecia na Praça da City Boaçava.
Lá, eu costumava pular algumas sequências de escadas, pedalar em volta do quarteirão para esquentar o corpo e dava uma parada para tomar uma água, para refrigerar o sistema corporal. Com o corpo aquecido, o rumo era direto para a Praça Pôr-do-sol. Aí a coisa era um pouco mais brava, pois trata-se de uma praça com uma sequência longa de escadarias e gaps, wallrides e stair gaps assassinos.
Descia umas cinco ou seis “quedas” rápidas, para esquentar novamente o corpo e sentir o prazer de ficar no “ar” por alguns instantes. Pulos com liberdade do chão de três ou quatro segundos, faziam meus hormônios irem às alturas. Claro, a adrenalina e a endorfina não paravam de ser produzidas, deixando o corpo tremendo de tensão e prazer.
Já que estava próximo, não custava mais uma pedaladinha até a praça dos cachorros. Mais uma vez, uma sequência deliciosa de escadas e stairs para tirar o folego de qualquer rider. Nesta praça, velha conhecida de muitos acidentados, foi onde a minha vida mudou do vinho para a água na questão do esporte. Mas isto é outra história.
Descia umas quatro vezes, até as pernas cambalearem e não aguentarem mais. O prazer estava sendo executado e a magia, realizada. Uma rápida pedalada até a praça da MTV, para um slalon rápido. Duas ou três descidas. Depois, pedalava até o parque Villa-Lobos para encontrar alguns amigos e falar sobre bicicletas, bicicletas e bicicletas.
Tudo o que escrevi até agora, foi para resumir o que ando sentindo ultimamente na vida pessoal. Ao passear aos fins de semana, costumo (ou costumava) dar uma passadinha nessas praças e parques para relembrar os velhos tempos. Neste fim de semana, na praça dos cachorros, estive tão próximo que consegui sentir as derrapadas e os saltos que lá, há pouco acabara de ocorrer.
Como li recentemente, a vida é feito andar de bicicleta: se parar, você cai! Então, como não estou caindo na vida, também não quero cair de bicicleta. Para isto eu tomei uma decisão sábia e cara ao mesmo tempo.
Vou voltar a andar de bicicleta. Sem medo de cair, ferir ou sentir arrepio. Vou andar de bicicleta pois para mim, é como uma terapia pessoal. “Bicicletar” é como pescar. “Bicicletar” é como fazer um churrasco. “Bicicletar” é como um happy hour. É um ritual, uma terapia, um prazer, uma sequência.
Viva o ciclismo. Viva a vida.
Muito bom. Sinto falta também desses dias de "bicicletagem". Pra mim também era um modo de esquecer de tudo e me divertir (e cair também).
ResponderExcluirAbração Tio.