Hoje de manhã, levantei sem agradecer a nenhum tipo de ser que fora criado pela mente do ser humano. Dei uma bela olhada pela segunda sacada do meu apartamento, no bairro do Morumbi, reparando que a piscina estava vazia. Ótimo momento para mergulhar antes de tomar um delicioso café da manhã, regado a sucos variados, ovos mexidos, pães e cereais matinais.
Dei o primeiro mergulho, aliviando a tensão da semana anterior que fora complicada, afinal, tenho que tomar conta dos investimentos deixados pelo meu pai, este que foi embora com um transexual para a Itália, para curtir a vida. Meu pai sempre dizia que o mais valioso era a herança recebida de parentes poloneses e sicilianos.
Ao sair da piscina, a bela loira do duplex acima estava pronta para o primeiro mergulho da semana. Como sempre, olhei-a de cima até embaixo para sentir nos meus olhos o poder de suas curvas. Sinceramente, sem respeito algum a minha quarta esposa, a minha vizinha é fantástica. O pouco que conversei com ela até hoje foi um “oi” e um “como vai”, sendo que ela limitou-se ao mesmo. Desejo-a de ponta-a-ponta.
Subi e fiz o meu breakfast de todos os dias. Já reforçado de alimentos, recebi em mãos o jornal atualizado com todas as informações que preciso para viver no maravilhoso mundo em que estamos. Como foi bom saber que as ações da Glambers n’ Jumbers subiram mais de 23,34% em uma transformada de Fourier nada discreta. Estava tão contente que pensei, naquele exato momento, em trocar a minha Ferrari 458 por outro carro que me dê mais prazer ao dirigi-lo. Mas eu não podia gastar este dinheiro, afinal, a compra do SPA para a minha esposa estava me preocupando com as finanças.
Após o café, fui até o parque Villa-Lobos para jogar o tênis de todos os dias. Meus amigos estavam todos lá. Amigos de quadra, que os vejo de segunda à sexta-feira. Como é bom estar com os amigos. O assunto é sempre o mesmo – futuro, investimentos, mulheres gostosas e fogosas, iates, barris de chopp, churrascadas, secretárias, uma trincada no pó de sexta-feira e um perdido aos sábados, para encontrar a Núbia.
Núbia “trabalha” para mim há mais ou menos seis anos. Quando a minha esposa vai às compras, Núbia chega em casa para fazer a somatória dos rendimentos. Isso no período da manhã. De tarde, ela presta serviços básicos e avançados de assessoria corporal. É uma excelente funcionária.
Após a assistência diária de Núbia, que disse estar esperando um filho de alguém, resolvo dar uma volta pela cidade com minha Hayabusa, usando uma camiseta regata, uma bermuda, um capacete Arai e um tênis qualquer da Nike. É sempre bom andar de moto para ver como as pessoas estão contentes com a vida.
Enfim, já é tarde. Vou para casa, pois preciso dar atenção a minha esposa. Ela sempre chega limitando-se a perguntar como foi meu dia e vai direto para o banho. Passa horas deitada na banheira, ao som de musica clássica. Pendurada ao telefone por mais de uma hora diária, passei a pensar que ela deve estar me traindo com o personal trainer com quem ela tem aulas diárias. Que horror, minha esposa está um bagaço e o cara vem em casa todos os dias. Mas foi só um pensamento.
O dia está acabando. Assisto alguns seriados até às 3:00am, esperando o tempo passar para o próximo dia. A vida é muito trabalhosa, tenho que descansar mais um pouco.
Vou para a cama, onde minha esposa já está deitada e virada para o lado. Deito-me e encosto o meu corpo no dela, esperando alguma reação. A reação? Sim, ela existiu – um simples “me deixe, pois estou cansada”. Enfim, o dia dela foi duro, deve ter trabalhado muito, cuidando das coisas do SPA. Com isto, me resta agradecer ao meu pai pela excelente vida que recebi, pelos amigos que tenho, pelos bens financeiros que possuo e as mulheres que me procuram. Não agradeço a nenhum outro tipo de ser não vivo. Amanhã é outro dia.
Minha moral da história: Sem moral da história. Isso não deveria ser a história de ninguém e eu também não desejaria ter uma vida dessas. Jamais.
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